Introdução
Breve explicação sobre a fotografia infravermelha
A fotografia infravermelha é uma técnica que capta a luz além do espectro visível ao olho humano, registrando comprimentos de onda que variam aproximadamente entre 700 e 1200 nanômetros. Diferente da fotografia tradicional, que se baseia na luz visível, essa abordagem permite enxergar um mundo oculto, onde cores e contrastes são dramaticamente alterados. A luz infravermelha interage de maneira distinta com materiais e superfícies, criando efeitos visuais surpreendentes e muitas vezes surreais.
O que torna essa técnica única e fascinante?
O grande atrativo da fotografia infravermelha está na maneira peculiar como os elementos refletem essa luz invisível. Folhagens e vegetação, por exemplo, refletem intensamente a radiação infravermelha, resultando em um efeito conhecido como “Wood Effect”, que deixa as plantas com tons esbranquiçados ou prateados. Já o céu e a água absorvem grande parte dessa radiação, tornando-se escuros e misteriosos. Esse contraste dramático transforma cenas comuns em imagens etéreas e de forte impacto visual, com uma estética que remete a paisagens de outro planeta. Além de seu valor artístico, a fotografia infravermelha também é amplamente utilizada em aplicações científicas, como estudos ambientais, arqueologia e segurança.
Introdução ao uso de filmes infravermelhos para capturar esse espectro
Embora hoje existam câmeras digitais adaptadas para captar a luz infravermelha, o uso de filmes infravermelhos continua sendo uma opção fascinante para os amantes da fotografia analógica. Diferente dos sensores digitais, que podem ser modificados para essa finalidade, os filmes infravermelhos possuem uma emulsão sensível a esse espectro, permitindo resultados mais orgânicos e imprevisíveis. Para fotografar com esse tipo de filme, é necessário utilizar filtros específicos que bloqueiam a luz visível e deixam passar apenas a radiação infravermelha. Além disso, ajustes precisos na exposição e no foco são essenciais, já que a luz infravermelha se comporta de maneira diferente da luz comum.
Neste artigo, exploraremos todos os aspectos dessa técnica, desde a escolha dos equipamentos até o processo de revelação e edição, para que você possa capturar imagens impressionantes nesse outro espectro de luz.
O que é a Fotografia Infravermelha?
Diferença entre espectro visível e infravermelho
A luz visível é apenas uma pequena parte do espectro eletromagnético, abrangendo comprimentos de onda entre aproximadamente 400 e 700 nanômetros (nm). Nossos olhos são capazes de perceber essa faixa, resultando nas cores que conhecemos no dia a dia. Já a luz infravermelha se estende além do vermelho visível, a partir de 700 nm, e pode chegar até 1 mm no espectro eletromagnético.
Na fotografia infravermelha, capturamos um pedaço desse espectro próximo, chamado de infravermelho próximo (NIR – Near Infrared), que vai de 700 a 1200 nm. Esse tipo de luz interage de maneira diferente com os objetos: folhas e vegetação refletem grandes quantidades de infravermelho, enquanto o céu e a água o absorvem, resultando em contrastes impressionantes e uma aparência etérea nas imagens.
Como os filmes infravermelhos registram a luz além do alcance humano
Os filmes infravermelhos possuem emulsões fotossensíveis especialmente formuladas para reagir não apenas à luz visível, mas também à radiação infravermelha próxima. Para capturar esse espectro com precisão, normalmente se utiliza um filtro infravermelho, que bloqueia quase toda a luz visível e permite apenas a passagem da luz infravermelha.
Diferente dos sensores digitais, que podem ser modificados para registrar o infravermelho removendo o filtro de bloqueio interno, os filmes analógicos infravermelhos oferecem uma resposta única à luz, gerando tons e texturas que variam conforme a exposição e os materiais fotografados. Isso resulta em imagens com um caráter orgânico, muitas vezes com halos suaves ao redor das áreas brilhantes e um grão característico que reforça o aspecto onírico das fotos.
Exemplos de aplicações artísticas e científicas
A fotografia infravermelha tem sido amplamente utilizada tanto na arte quanto na ciência, devido à sua capacidade de revelar detalhes invisíveis no espectro visível. Algumas das principais aplicações incluem:
Fotografia artística: Muitos fotógrafos exploram o infravermelho para criar paisagens surreais e retratos com tons inusitados, conferindo um efeito etéreo e misterioso às imagens.
Paisagens e natureza: A vegetação adquire tons esbranquiçados ou prateados, criando composições cinematográficas e diferenciadas.
Retratos criativos: A pele humana reflete a luz infravermelha de maneira singular, suavizando imperfeições e gerando um efeito quase translúcido.
Monitoramento ambiental: O infravermelho é usado para avaliar a saúde da vegetação, já que plantas saudáveis refletem mais radiação infravermelha do que plantas doentes ou secas.
Arqueologia: Auxilia na identificação de estruturas soterradas ou camufladas pela vegetação, já que diferentes materiais refletem infravermelho de maneiras distintas.
Medicina e segurança: A fotografia infravermelha tem aplicações em exames médicos e em investigações forenses, ajudando a detectar alterações na pele e até mesmo falsificações em documentos.
Com essa combinação de aplicações técnicas e criativas, a fotografia infravermelha continua sendo uma ferramenta poderosa para revelar o invisível e expandir os limites da percepção visual.
Equipamentos Necessários
A fotografia infravermelha com filme exige equipamentos específicos para garantir resultados autênticos e de alta qualidade. Desde a escolha da câmera até o tipo de filme e filtros, cada detalhe influencia diretamente no efeito final da imagem. A seguir, exploramos os principais itens necessários para começar a fotografar nesse espectro invisível.
Câmeras compatíveis: modelos analógicos e possíveis adaptações
Nem todas as câmeras analógicas são adequadas para filmes infravermelhos, pois algumas possuem revestimentos internos ou sensores de luz que podem interferir na captação do espectro infravermelho. Aqui estão algumas opções viáveis:
Câmeras SLR e Rangefinder: Modelos como a Nikon F3, Canon AE-1, Pentax K1000 e Leica M6 são ótimas escolhas, pois oferecem controle manual total da exposição e permitem o uso de filtros infravermelhos.
Médio e grande formato: Para quem busca maior qualidade de imagem e detalhes aprimorados, câmeras como a Mamiya RB67, Hasselblad 500CM e a linhagem Graflex de grande formato são alternativas viáveis.
Cuidado com sensores DX em câmeras eletrônicas: Algumas câmeras analógicas modernas possuem sensores de detecção de rolo (DX coding) que emitem pequenas quantidades de luz, o que pode velar o filme infravermelho. Modelos mais antigos, sem essa tecnologia, costumam ser mais seguros.
Filmes infravermelhos: marcas populares e características
Os filmes infravermelhos possuem emulsões sensíveis ao espectro além da luz visível, permitindo capturar a radiação infravermelha. Algumas das opções mais conhecidas incluem:
Rollei Infrared 400 – Um dos filmes infravermelhos mais acessíveis, possui alta sensibilidade (ISO 400) e excelente resposta ao uso de filtros IR. Ideal para iniciantes na técnica.
Ilford SFX 200 – Embora não seja um infravermelho “puro”, esse filme possui sensibilidade estendida ao infravermelho próximo e pode produzir efeitos semelhantes ao usar filtros IR moderados.
Kodak HIE (descontinuado) – Um dos filmes infravermelhos mais icônicos, famoso pelo seu grão característico e halo difuso ao redor de áreas brilhantes. Ainda pode ser encontrado em estoques antigos, mas com preços elevados.
Foma Fomapan 400 com filtro IR – Embora não seja um filme infravermelho dedicado, ele pode responder parcialmente à luz infravermelha com o uso de um filtro adequado.
Filtros infravermelhos: tipos e como afetam a captação da imagem
Os filtros infravermelhos bloqueiam quase toda a luz visível e deixam passar apenas a radiação infravermelha, sendo essenciais para maximizar os efeitos dessa técnica. Os principais tipos incluem:
Filtro R72 (720 nm) – O mais comum para fotografia infravermelha, bloqueia a luz abaixo de 720 nanômetros e permite um forte efeito IR.
Filtro 89B (695 nm) – Um pouco menos restritivo, ainda mantém a estética infravermelha, mas pode deixar alguns tons visíveis.
Filtro 87 (800+ nm) – Bloqueia totalmente a luz visível e capta apenas a luz infravermelha mais profunda, resultando em imagens ainda mais etéreas.
Filtro Vermelho Profundo (25A ou 29) – Embora não seja um filtro infravermelho puro, realça o efeito IR em filmes parcialmente sensíveis ao infravermelho, como o Ilford SFX 200.
Acessórios úteis: tripé, fotômetro e cuidados com o manuseio do filme
Além da câmera, do filme e do filtro adequado, alguns acessórios ajudam a obter melhores resultados na fotografia infravermelha:
Tripé – Como a fotografia infravermelha exige tempos de exposição mais longos devido à menor quantidade de luz disponível, um tripé firme é essencial para evitar tremores.
Fotômetro manual – Muitos fotômetros internos das câmeras não são calibrados para o espectro infravermelho, então um fotômetro manual pode ser útil para obter medições mais precisas.
Carregamento e armazenamento do filme – Os filmes infravermelhos são extremamente sensíveis à luz. É recomendável carregá-los e descarregá-los em locais com pouca luz ou, idealmente, em um ambiente escuro.
Foco ajustado para IR – Como a luz infravermelha foca em um ponto ligeiramente diferente da luz visível, algumas lentes possuem marcações de compensação para foco infravermelho. Caso sua lente não tenha essa indicação, pode ser necessário realizar pequenos ajustes no foco manualmente.
Com esses equipamentos e acessórios em mãos, você estará pronto para explorar a fotografia infravermelha analógica e capturar imagens impressionantes em um espectro invisível ao olho humano
Como Fotografar com Filme Infravermelho
A fotografia com filme infravermelho exige um entendimento específico sobre equipamentos, configurações da câmera e as condições ideais de luz. Diferente da fotografia tradicional, onde a exposição é baseada no espectro visível, a captação do infravermelho envolve ajustes únicos para garantir imagens bem definidas e com o impacto visual característico dessa técnica.
Escolha do filme: vantagens e desvantagens de diferentes marcas
Escolher o filme certo é essencial para obter os melhores resultados. Cada marca e modelo possui características distintas de sensibilidade ao infravermelho, contraste e grão.
Rollei Infrared 400
Vantagens: Sensibilidade relativamente alta (ISO 400), bom contraste e flexibilidade em diferentes condições de luz.
Desvantagens: Pode exigir ajustes na exposição devido à variação da sensibilidade ao IR.
Ilford SFX 200
Vantagens: Filme pancromático com resposta estendida ao infravermelho, ideal para quem deseja um efeito IR moderado sem precisar de um filtro muito escuro.
Desvantagens: O efeito infravermelho é mais sutil em comparação com outros filmes IR puros.
Kodak HIE (descontinuado, mas ainda encontrado)
Vantagens: Efeito IR forte, grão característico e o famoso “halo” em áreas brilhantes.
Desvantagens: Muito sensível, sem camada antialo, difícil de manusear e caro devido à descontinuação.
Foma Fomapan 400 (com filtro IR)
Vantagens: Alternativa econômica para experimentar o efeito IR usando um filtro vermelho profundo.
Desvantagens: Não é um filme infravermelho puro, então o efeito será menos pronunciado.
Configurações da câmera: abertura, velocidade do obturador e foco
Ao fotografar com filme infravermelho, os parâmetros da câmera precisam ser ajustados para compensar a forma como a luz infravermelha interage com a emulsão do filme.
Abertura: Recomenda-se usar uma abertura média a pequena (f/5.6 a f/11) para garantir boa profundidade de campo, já que a luz infravermelha foca de maneira diferente da luz visível.
Velocidade do obturador: Como os filtros IR bloqueiam parte da luz visível, a exposição será mais longa do que na fotografia tradicional. Dependendo do filtro, podem ser necessários tempos de exposição entre 1/60s e vários segundos, exigindo o uso de tripé.
Foco: A luz infravermelha foca em um ponto ligeiramente diferente da luz visível. Algumas lentes possuem marcações específicas para o ajuste do foco IR. Caso sua lente não tenha essa indicação, é necessário fazer pequenos ajustes manuais, geralmente focando um pouco além do ponto de foco tradicional.
Uso de filtros IR: como escolher e como impactam a exposição
Os filtros infravermelhos são essenciais para bloquear a luz visível e permitir que apenas a radiação IR alcance o filme. A escolha do filtro afeta diretamente a aparência e a exposição da imagem.
Filtro R72 (720 nm) – O mais utilizado, bloqueia a luz abaixo de 720 nm e oferece um efeito infravermelho intenso com tons dramáticos.
Filtro 89B (695 nm) – Menos intenso que o R72, permite um pouco mais de luz visível, resultando em um equilíbrio entre tons naturais e efeito IR.
Filtro 87 (800+ nm) – Bloqueia completamente a luz visível, captando apenas a luz infravermelha mais profunda, criando imagens extremamente surreais.
Filtros Vermelhos Profundos (25A ou 29) – Podem ser usados com filmes parcialmente sensíveis ao IR, como o Ilford SFX 200, para criar um efeito infravermelho moderado.
Cada filtro reduz a quantidade de luz que atinge o filme, exigindo compensação na exposição. O ideal é fazer testes com diferentes tempos de exposição, já que fotômetros tradicionais não medem corretamente a luz infravermelha.
Iluminação e ambiente: melhores condições para capturar imagens dramáticas
A luz disponível influencia diretamente o efeito infravermelho. Algumas condições são ideais para realçar o contraste e o impacto visual das imagens:
Dias ensolarados com céu azul – O infravermelho reflete melhor nas folhas e na vegetação, criando o clássico efeito branco brilhante contra um céu escuro e profundo.
Horários de pico de luz (meio-dia) – Diferente da fotografia convencional, a fotografia infravermelha se beneficia da luz intensa do meio-dia, já que a radiação IR é mais forte.
Cenas com vegetação abundante – Plantas refletem muita luz infravermelha, resultando em um efeito brilhante e etéreo.
Água e superfícies escuras – Esses elementos absorvem luz infravermelha e aparecem quase pretos nas imagens, criando um contraste dramático.
Neblina e dias nublados – A fotografia infravermelha pode gerar resultados inesperados em dias nublados, com tons misteriosos e um visual mais suave.
Explorar diferentes condições de iluminação e cenários permite criar composições únicas e maximizar o efeito visual característico da fotografia infravermelha com filme
Revelação e pós-processamento
A fotografia infravermelha com filme não termina no momento do clique. O processo de revelação e pós-produção exige cuidados específicos para preservar os detalhes e destacar as características únicas das imagens capturadas no espectro infravermelho. Desde o manuseio correto do filme até a digitalização e edição, cada etapa é crucial para garantir resultados impressionantes.
Cuidados ao manusear o filme: proteção contra luz e temperatura
Os filmes infravermelhos são mais sensíveis do que os filmes convencionais e requerem atenção especial no armazenamento e manuseio:
Proteção contra luz – A maioria dos filmes infravermelhos não possui uma camada antialo, o que os torna extremamente sensíveis à luz. Por isso, é essencial carregar e descarregar o filme em locais com pouca luz ou em um ambiente completamente escuro. Evite abrir a câmera antes de rebobinar completamente o filme.
Armazenamento adequado – Manter o filme refrigerado (entre 4-10°C) ajuda a preservar suas propriedades sensíveis à luz infravermelha. Se for armazenado por longos períodos, o congelamento pode prolongar sua vida útil, mas é necessário deixá-lo atingir a temperatura ambiente antes de usar.
Proteção contra calor – Altas temperaturas podem comprometer a emulsão do filme e causar perda de detalhes nas imagens. Evite expô-lo diretamente ao sol ou deixá-lo dentro da câmera por muito tempo em ambientes quentes.
Processo de revelação: químicas específicas e melhores práticas
A revelação do filme infravermelho segue princípios semelhantes à revelação de filmes preto e branco convencionais, mas algumas práticas podem melhorar o resultado final.
Químicas recomendadas – O uso de reveladores de grão fino, como o Kodak D-76, Ilford ID-11 ou Rodinal, ajuda a preservar detalhes e contrastes sem exagerar o grão. Para um efeito mais suave, reveladores como o XTOL podem ser uma boa opção.
Controle da temperatura – A revelação do filme infravermelho deve ser feita em temperatura controlada (geralmente entre 20-22°C) para evitar variações indesejadas na densidade da imagem.
Tempo de revelação – Cada marca de filme infravermelho pode exigir tempos específicos de revelação. Como alguns filmes podem reagir de forma diferente à luz infravermelha, recomenda-se testar diferentes tempos e diluições para obter o efeito desejado.
Fixação e lavagem – Após a revelação, o filme deve ser fixado e lavado adequadamente para evitar manchas e descoloração ao longo do tempo. O uso de um agente umectante, como Photoflo, ajuda a reduzir marcas d’água na secagem.
Digitalização e edição: como realçar os detalhes e tons na pós-produção
Depois que o filme infravermelho é revelado, a digitalização e edição podem aprimorar ainda mais os contrastes e efeitos visuais.
Escolha do scanner – Para preservar os detalhes da imagem, scanners dedicados de filmes, como o Epson V850 ou Nikon Coolscan, oferecem melhores resultados do que scanners flatbed comuns.
Configurações de digitalização – Digitalize em alta resolução (mínimo 2400 dpi) para capturar todos os detalhes e permitir uma edição mais precisa. Ajustar os níveis de preto e branco durante a digitalização pode ajudar a equilibrar os tons.
Edição e ajustes – Softwares como Adobe Photoshop e Lightroom permitem refinar o contraste, realçar áreas escuras e brancas e aplicar ajustes seletivos para enfatizar o efeito etéreo característico da fotografia infravermelha. O uso de curvas e ajustes tonais ajuda a equilibrar a imagem.
Conversão monocromática – Se o filme capturou alguma informação de cor, pode ser interessante convertê-lo para preto e branco puro para intensificar o impacto visual do infravermelho.
Ao seguir essas etapas, é possível transformar os negativos infravermelhos em imagens impressionantes, destacando o espectro invisível que essa técnica é capaz de revelar.
Dicas e Truques para Resultados Incríveis
A fotografia infravermelha com filme pode ser desafiadora, mas com algumas técnicas e experimentação, é possível obter imagens impressionantes. Pequenos ajustes na exposição, no uso de filtros e na escolha do filme podem fazer uma grande diferença no resultado final. Aqui estão algumas dicas essenciais para aprimorar suas fotos infravermelhas.
Como evitar erros comuns na exposição e no foco
A fotografia infravermelha exige um ajuste de exposição e foco diferente do convencional. Aqui estão alguns erros comuns e como evitá-los:
Erro: Exposição imprecisa – Como os fotômetros da câmera não são calibrados para a luz infravermelha, pode ser difícil obter a exposição correta.
Solução: Faça testes com bracketing (variação de exposição) para encontrar o tempo ideal. Uma boa regra geral é aumentar a exposição em 1 a 3 pontos (EV) em relação à medição padrão.
Erro: Foco incorreto – A luz infravermelha foca em um ponto ligeiramente diferente da luz visível, tornando o foco um desafio.
Solução: Se sua lente tem uma marca de foco para infravermelho, use-a para ajustar manualmente. Caso contrário, foque ligeiramente além do ponto normal para compensar o deslocamento.
Erro: Filme velado – Alguns filmes infravermelhos são extremamente sensíveis à luz e podem ser acidentalmente expostos antes da revelação.
Solução: Carregue e descarregue o filme em um ambiente com pouca luz e evite abrir a câmera sem rebobinar completamente o filme.
Testando diferentes tempos de exposição para efeitos variados
A fotografia infravermelha permite explorar diferentes tempos de exposição para criar efeitos únicos:
Exposições curtas (1/125s – 1/60s)
Ideal para capturar detalhes nítidos em cenas bem iluminadas.
Produz imagens mais contrastadas, com menos efeito etéreo.
Exposições médias (1/30s – 1s)
Equilíbrio entre nitidez e efeito suave.
Boa escolha para fotografar paisagens com vegetação intensa.
Exposições longas (acima de 1s)
Criam efeitos oníricos, principalmente quando há movimento em folhas e nuvens.
Necessário o uso de tripé para evitar trepidações indesejadas.
Para determinar o melhor tempo de exposição, experimente capturar a mesma cena com tempos variados e compare os resultados.
Combinação de filmes e filtros para explorar diferentes estéticas
A escolha do filme e do filtro influencia diretamente a aparência da fotografia infravermelha. Algumas combinações interessantes incluem:
Rollei Infrared 400 + Filtro R72 (720 nm)
Produz imagens com forte efeito infravermelho, onde a vegetação fica extremamente brilhante e o céu muito escuro.
Ilford SFX 200 + Filtro Vermelho Profundo (25A ou 29)
Gera um efeito infravermelho moderado, mantendo parte dos detalhes naturais da cena.
Kodak HIE + Filtro 87 (800 nm)
Criava um efeito extremamente dramático, com halos brilhantes ao redor das áreas claras. Como esse filme foi descontinuado, pode ser substituído por alternativas modernas com pós-processamento ajustado.
Foma Fomapan 400 + Filtro 89B (695 nm)
Uma opção experimental para quem deseja simular efeitos infravermelhos com um filme tradicional.
Testar diferentes combinações de filmes e filtros é uma ótima forma de descobrir novas possibilidades criativas e desenvolver um estilo único na fotografia infravermelha.
Exemplos de Fotógrafos e Trabalhos Inspiradores
A fotografia infravermelha tem sido explorada por diversos artistas ao longo dos anos, criando imagens surreais e impactantes. Desde o uso artístico até aplicações científicas e documentais, essa técnica revela um mundo invisível ao olho humano. Nesta seção, apresentamos alguns fotógrafos renomados que dominaram a arte da fotografia infravermelha e alguns de seus trabalhos mais icônicos.
A. Breve apresentação de fotógrafos renomados que utilizam a técnica
Richard Mosse
Um dos nomes mais famosos da fotografia infravermelha contemporânea, Mosse utiliza filme Kodak Aerochrome para registrar conflitos e paisagens devastadas pela guerra. Seu trabalho mais conhecido, Infra (2012), documenta a guerra na República Democrática do Congo, transformando cenários brutais em composições visualmente deslumbrantes, com vegetação em tons vibrantes de rosa e vermelho.
Simon Marsden
Conhecido por seu estilo gótico e atmosférico, Marsden capturou paisagens assombradas, castelos e ruínas utilizando filme infravermelho. Suas imagens possuem uma estética etérea e misteriosa, explorando o potencial dramático da luz infravermelha para criar atmosferas sobrenaturais.
Paolo Pettigiani
Um fotógrafo contemporâneo que usa infravermelho para transformar paisagens urbanas e naturais em composições vibrantes e psicodélicas. Seus projetos incluem séries coloridas de cidades como Veneza e Nova York, onde a vegetação assume tons irreais e contrastes intensos.
Edward Thompson
No ensaio The Unseen, Thompson usou filme infravermelho para explorar questões ambientais e de poluição, revelando fenômenos invisíveis a olho nu. Seu trabalho destaca como a fotografia infravermelha pode ser usada tanto artisticamente quanto para investigações científicas.
Imagens icônicas e como foram produzidas
“Infra” (2012) – Richard Mosse
Utilizando o filme Kodak Aerochrome, originalmente desenvolvido para detecção de vegetação e usos militares, Mosse criou uma série de imagens vibrantes onde florestas tropicais e campos de batalha aparecem em tons de rosa e vermelho. O efeito surreal gerado pelo infravermelho recontextualiza a guerra e questiona nossa percepção da violência.
Paisagens assombradas – Simon Marsden
Marsden usava filme infravermelho para capturar ruínas e castelos históricos, enfatizando texturas e criando halos fantasmagóricos ao redor das árvores e construções. Ele trabalhava frequentemente com exposição longa para acentuar o clima sobrenatural.
Cenários urbanos em infravermelho – Paolo Pettigiani
Suas imagens coloridas são capturadas com câmeras digitais convertidas para infravermelho, mas a estética pode ser replicada com filme e filtros adequados. O contraste entre a vegetação e a arquitetura moderna cria um visual futurista e imersivo.
“The Unseen” – Edward Thompson
Utilizando filme infravermelho para revelar poluição ambiental, Thompson documentou áreas afetadas por contaminação e mudanças climáticas, destacando aspectos invisíveis ao espectro visível.
Explorar o trabalho desses fotógrafos pode ser uma excelente fonte de inspiração para quem deseja aprofundar-se na fotografia infravermelha. Cada um desses artistas utilizou a técnica de maneira única, provando o potencial criativo e expressivo desse tipo de fotografia
Conclusão
Ao longo deste artigo, exploramos o fascinante mundo da fotografia infravermelha, desde os conceitos básicos sobre o espectro da luz até as técnicas e equipamentos necessários para capturar imagens surpreendentes. Vimos como essa abordagem pode transformar cenas comuns em composições etéreas e surreais, destacando um universo invisível a olho nu.
Se você ainda não experimentou a fotografia infravermelha, este pode ser o momento perfeito para começar! Com os equipamentos certos e um pouco de prática, você poderá criar imagens únicas e explorar uma nova forma de expressão artística.
E você, já tentou fotografar no espectro infravermelho? Compartilhe suas experiências, dúvidas ou descobertas nos comentários! Estamos ansiosos para saber como essa técnica pode transformar o seu olhar fotográfico